Prova
Prático-Profissional - XX Exame de Ordem Unificado 2ª fase - Direito
Administrativo
Enunciado
A sociedade empresária Alfa S.A.,
concessionária de uma linha do serviço de transporte metroviário no Estado X,
formulou, na esfera administrativa, requerimento de revisão das tarifas a fim
de readequá-las aos seus custos, devido ao súbito e radical aumento de tributos
federais (evento extraordinário e imprevisível que teria rompido o equilíbrio
econômico financeiro inicial do contrato).
O Estado, entretanto, por meio de
decisões do seu Governador, publicadas na imprensa oficial, negou o pleito da
sociedade empresária, assim como desproveu o recurso administrativo por ela
interposto, ao fundamento de que:
(1)
o contrato administrativo somente admite o reajuste das tarifas, uma vez por
ano, com base em um índice oficial de inflação previamente estabelecido, o que
não corresponde ao pleito formulado pela sociedade empresária;
(2)
a má prestação do serviço teria inibido o aumento da demanda e, consequentemente,
o aumento da receita.
Em razão do segundo argumento, ainda, o
Governador aplicou as penalidades de multa e suspensão temporária de participar
em licitação e impedimento para contratar com a Administração Pública, por dois
anos, na forma do contrato de concessão.
Você é procurado(a), na qualidade de
advogado(a), para ajuizar a medida cabível à proteção dos interesses da
sociedade empresária, consistentes no reequilíbrio econômico financeiro do
contrato e no afastamento das penalidades aplicadas, especialmente tendo em
vista que nunca antes a sociedade empresária fora notificada a respeito de
qualquer descumprimento contratual, e considerando, ainda, a existência de
novas licitações em andamento.
Elabore a peça adequada à proteção de
todos os interesses de seu cliente, considerando, ainda, que haverá necessidade
de produção de prova pericial para identificar o alegado desequilíbrio econômico-financeiro
do contrato.
Obs.: a peça deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão.
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não será pontuada.
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE...
NO ESTADO X
SOCIEDADE
EMPRESÁRIA ALFA S.A, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº..., com sede na
rua..., vem, por seu advogado, infrafirmado, endereço profissional na rua..., onde
serão recebidas as intimações do feito, propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA COM
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do ESTADO X, pessoa jurídica de direito
público interno, CNPJ nº..., com sede na rua..., pelos fatos e fundamentos a
seguir:
DOS
FATOS
A Demandante, concessionária de uma
linha do serviço de transporte metroviário no Estado X, formulou requerimento
administrativo pedindo a revisão das tarifas a fim de readequá-las aos seus
custos, devido ao súbito e radical aumento de tributos federais, evento
extraordinário e imprevisível que teve como consequência o rompimento do equilíbrio
econômico financeiro inicial do contrato firmado com a parte Demandada.
O Governador do Estado, ora demandado, por
meio de decisões, publicadas na imprensa oficial, negou o requerimento, bem
como desproveu o recurso administrativo interposto contra a decisão, sob o fundamento
de que: a) “o contrato administrativo somente admite o reajuste das tarifas,
uma vez por ano, com base no índice oficial de inflação previamente
estabelecido no contrato, o que não corresponde ao pleito formulado pela sociedade
empresária; b) a má prestação do serviço teria inibido o aumento da demanda e,
consequentemente, o aumento da receita”.
Além disso, em razão do segundo
argumento, o Governador aplicou as penalidades de multa e suspensão temporária
de participar em licitação e impedimento para contratar com a Administração
Pública, por dois anos, na forma do contrato de concessão.
Em razão disso, tendo em vista que nunca
antes a demandante fora notificada a respeito de qualquer descumprimento
contratual e considerando, ainda, a existência de novas licitações em andamento,
a autora vem a juízo requerer o afastamento das penalidades e o reequilíbrio do
contrato.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura da presente ação
ordinária com fulcro no artigo 319 c/c 300 e seguintes do CPC, por se tratar de
violação a direito da Autora.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
O Art. 300, e seguintes, do CPC, definem
como requisitos para antecipação de tutela a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
O perigo de dano irreparável resta
demonstrado pela existência de novas licitações em andamento, sem que a autora possa
participar.
A probabilidade do direito ou verossimilhança
das alegações pode ser verificada pela ausência de notificação acerca do
descumprimento do contrato, bem como da ausência de contraditório e de ampla
defesa no processo que resultou nas penalidades impostas à autora, contrariando
o disposto no Art. 5º, LV, da CF/88.
Logo, faz-se necessária a concessão da antecipação
de tutela com o afastamento das penalidades impostas à autora.
DO MÉRITO
Primeiramente, o reequilíbrio econômico
do contrato, nos casos de evento extraordinário e imprevisível que causa
desequilíbrio econômico/financeiro do contrato, está previsto no Art. 65,
inciso II, alínea d, e §5º, da Lei nº 8.666/93. Vejamos:
Art.
65. (...)
§
5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem
como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação
da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a
revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso.
No mesmo sentido, o Art. 9º, §§ 2º e 3º,
da Lei nº 8.987/95, prevê a revisão do contrato nos casos de evento
extraordinário e imprevisível que há rompimento do equilíbrio econômico
financeiro inicial do contrato.
Tal fenômeno, explicado pela teoria da
imprevisão, é denominado pela doutrina como “fato do príncipe”, que consiste na
hipótese em que o Estado contrata e, posteriormente, atua fora do contrato, na
qualidade de Poder Público, causando o desequilíbrio, merecendo, no entanto, a
readequação.
Ademais, no caso em apreço, o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato não guarda semelhança com o reajuste anual das
tarifas, mas busca a manutenção da equação econômica inicial, rompida por um
evento extraordinário e imprevisível, na forma dos dispositivos acima citados,
bem como do Art. 37, inciso XXI, da CRFB/88.
Outrossim, a autora jamais foi notificada
a respeito de qualquer falha ou má prestação do serviço contratado e, muito
menos, das penalidades que lhes foram aplicadas sem a observação do contraditório
e da ampla defesa, na forma do Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88 c/c Art. 87 da
Lei nº 8.666/93.
Desse modo, imperiosa é a anulação das
penalidades aplicadas à autora, tendo em vista a violação aos princípios do contraditório,
da ampla defesa e da legalidade, bem como a determinação do reequilíbrio
econômico financeiro do contrato, por se tratar de uma garantia legal.
DOS PEDIDOS
Ate o exposto, requer:
1. A citação do réu para que, querendo,
contestar o feito no prazo de lei;
2. A concessão da tutela antecipada para
afastar as penalidades impostas à autora;
3. A confirmação da tutela antecipada com a
anulação das penalidades e o reequilíbrio econômico financeiro do contrato;
4. A produção de provas por todos os meios
admitidos em direito e necessários à solução da controvérsia, inclusive a prova
pericial, bem como a juntada dos documentos anexos;
5. A condenação do réu aos pagamentos das custas
processuais e honorários advocatícios;
Atribui-se à causa o valor de R$...
Termos em que pede deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB/...
ACESSAR AS QUESTÕES
- Questão 1 - XX Exame de Ordem Unificado - Direito Administrativo
- Questão 2 - XX Exame de Ordem Unificado- Direito Administrativo
- Questão 3 - XX Exame de Ordem Unificado - Direito Administrativo
- Questão 4 - XX Exame de Ordem Unificado - Direito Administrativo
Nenhum comentário:
Postar um comentário