PADRÃO DE RESPOSTA
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DO MUNICÍPIO X, NO ESTADO (...)
Mévio, brasileiro,
cidadão, estado civil, profissão, RG nº..., CPF nº..., residente e domiciliado
na rua..., vem, por seu advogado, infrafirmado, com procuração anexa e endereço
profissional na rua..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor
AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de:
- Fulano de Tal, Presidente da República, brasileiro, estado civil, agente público, RG nº..., CPF nº..., residente e domiciliado na rua...;
- União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº..., com sede na rua...;
- Centro Universitário NF, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº..., com sede na rua...;
- Sicrano, nacionalidade, estado civil, empresário, RG nº..., CPF nº..., residente e domiciliado na rua...;
- Beltrano, nacionalidade, estado civil, empresário, RG nº..., CPF nº..., residente e domiciliado na rua...,
pelos fatos e
fundamentos a seguir.
DO CABIMENTO
É cabível a propositura
da presente ação popular com fulcro no Art. 5º, inciso LXXIII da Constituição
Federal e Art. 1º, e seguintes, da Lei nº 4.717/65, por se tratar de ato lesivo
ao interesse público.
DOS FATOS
O Presidente da
República, Fulano de Tal, concedeu a qualificação de Organização Social ao
“Centro Universitário - NF”, pessoa jurídica de direito privado que explora
comercialmente atividades de ensino e pesquisa em graduação e pós-graduação em diversas
áreas. Pelo que, diante da referida qualificação, celebrou contrato de gestão
para descentralização das atividades de ensino, autorizando, gratuitamente, o
uso de um prédio para receber as novas instalações da universidade e
destinando-lhe recursos orçamentários. Além disso, celebrou contrato com a instituição
para a prestação de serviços de pesquisa de opinião, com dispensa de licitação.
Por conta disso, diversos veículos de comunicação demonstraram que Sicrano e
Beltrano, filhos do Presidente, são sócios do Centro Universitário, empresa
beneficiada pelos atos do chefe de governo. Indignado, o cidadão Mévio, residente
no Município X, lhe procura para, na qualidade de advogado, ajuizar medida
adequada a impedir a consumação da transferência de recursos e o uso não
remunerado do imóvel público pela instituição da qual os filhos do Presidente
são sócios.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
O Art. 5º, § 4º da Lei nº 4.717/65 c/c 273 do CPC
estabelece como requisitos para concessão de tutela antecipada à
verossimilhança das alegações e o fundado receio de dano irreparável.
O fundado receio de dano irreparável decorre do
fato de que o contrato e a autorização gratuita de bem público foram efetivados
e se encontram vigentes, causando prejuízo ao interesse público.
A verossimilhança das alegações se baseia na
ausência de licitação não observando o disposto no Art. 24, inciso XXIV da Lei
nº 8.666/93, pela não observação dos artigos 1º e 2º, alínea “b” da Lei nº
9.637/98 e violação aos princípios da moralidade e impessoalidade estampados no
caput do Art. 37 da CF/88.
Logo, é imprescindível a suspensão do
contrato firmado entre o poder público e o Centro Universitário NF.
DO
MÉRITO
Primeiramente, os
artigos 1º da Lei nº 9.637, estabelece como requisito básico à qualificação de
empresas privada como Organização Social a ausência de finalidade lucrativa. Vejamos:
“O Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei”.
No mesmo sentido, o Art.
2º, inciso I, “b”, da referida lei, define a finalidade não-lucrativa como
requisito específico imprescindível à qualificação de entidade privado como
organização social.
Na
situação apresentada, a instituição beneficiada não preenche o
requisito básico à qualificação como Organização Social, pelo que o ato do Presidente
da República que concedeu a qualificação de Organização Social ao “Centro
Universitário - NF”, ora 3ª Ré, viola disposição legal.
Desse
modo, por violar o princípio da legalidade, resta viciado o ato e, portanto, nulo,
nos termos do Art. 2º, “c” da Lei 4.717/65.
Ademais, a dispensa de licitação,
no caso em apreço, não está contemplada nas hipóteses previstas no Art. 24, XXIV, da
Lei nº 8.666/1993, uma vez que a dispensa de licitação somente alcança as
atividades contempladas no contrato de gestão, mas não a pesquisa de opinião.
Portanto, o ato foi praticado com violação ao referido dispositivo normativo.
Outrossim, o ato foi
praticado com violação aos princípios da moralidade e da impessoalidade
elencados no caput do Art. 37, da Constituição Federal, uma vez que a medida
praticada pelo Presidente da República beneficia seus filhos, empresários do
ramo da educação, além de configurar benefício injusto.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
a) a citação dos Réus para que, querendo, contestar
o feito no prazo de lei;
b) a antecipação dos efeitos da tutela
com a suspensão do
repasse de recursos públicos para o particular e do contrato para utilização de
bens públicos;
c) a confirmação da tutela antecipada com a
procedência dos pedidos, determinando a anulação dos atos impugnados, lesivos ao
patrimônio e a moralidade administrativa, e a condenação dos Réus ao
ressarcimento ao erário por eventuais danos causados aos cofres públicos.
d) a produção de todos os meios de provas admitidos
em direito e necessários à solução da controvérsia, inclusive a juntada do
título de eleitor que comprova a qualidade de cidadão do Autor;
e) a condenação dos Réus nos ônus da sucumbência;
f) a intimação do Ilustríssimo representante do
Ministério Público para atuar como fiscal da lei;
Dá-se à causa, o valor de R$...
Nesses termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB/...
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